O recado de Aécio

Muito criticado pelos aliados do ex-governador de São Paulo José Serra por sua atuação moderada na oposição ao governo Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) mandou o recado aos líderes da oposição de que não pretende mudar seu estilo de atuação. "Não professo o quanto pior melhor." Trocando em miúdos: tratará o PT como adversário e não como inimigo; fará oposição ao governo Dilma Rousseff e não aos interesses do país.

Aécio reproduz na disputa com o ex-governador de São Paulo José Serra a longa queda de braço entre dois caciques do PMDB no tempo da oposição ao regime militar: Tancredo Neves, seu avô, que acabou eleito presidente da República no colégio eleitoral; e Ulysses Guimarães, o presidente do PMDB que comandou a campanha pelas diretas já, mas não levou. Tancredo morreu antes de tomar posse; Ulysses foi excelente presidente da Constituinte, mas amargou uma derrota eleitoral acachapante nas eleições presidenciais de 1989. Secretário particular do avô, acompanhou de perto a peleja entre os dois veteranos políticos, ambos oriundos do antigo PSD.

Aécio fará uma atuação propositiva no Senado, consciente de que a correlação de forças entre o governo e a oposição é muito desfavorável. Prefere ter uma atuação silenciosa e bem-sucedida nas articulações políticas do que esbravejar e colecionar derrotas que só o desgastariam como líder político. Ao contrário de Serra, não tem obsessão pela Presidência da República. Diz que está à disposição do partido, mas o PSDB teria outros quadros para concorrer ao cargo além do seu nome e o de Serra: os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin; do Paraná, Beto Richa; e de Goiás, Marconi Perillo.

Correio Brasiliense