Niemeyer
Aécio Neves Tenho o privilégio de conhecer Oscar Niemeyer e tive a felicidade de, quando governador, levar de volta a Belo Horizonte seu legendário traço e seu extraordinário talento, eternizados na realidade que é hoje a Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, onde trabalham 16 mil servidores do Estado.
O reencontro de Niemeyer com Belo Horizonte teve, para muitos de nós, o sentido de um reatamento amoroso. E daqueles que valem a pena. Foi na ainda acanhada capital mineira dos anos 40 que o jovem arquiteto começou a dar vazão ao seu potencial de artista muito à frente de seu tempo.
Sob a égide de Juscelino Kubitschek, o arquiteto novato concebeu -dizem que num pequeno quarto de hotel- o magistral conjunto modernista da Pampulha, que marcou para sempre a identidade da capital de Minas.
Niemeyer é uma das nossas raríssimas unanimidades: diferentes gerações de mineiros e brasileiros guardam por ele um afeto incondicional.
Aos 104 anos, completados na última quinta-feira, mestre Oscar -ele insiste na informalidade do primeiro nome-continua ativo. É dono de um humor invencível e de uma alegria de viver que se renova, para os amigos, num permanente festival de surpresas.
Há pouco tempo, ele decidiu enveredar por nova experiência: a de cantor. A vida de Niemeyer guarda importante lição para muitos de nós.
Leio que Oscar brinca que "104 anos ou 80 é a mesma coisa para quem gostaria de ter 20". A verdade é que, aos 104, ele tem a intensidade dos 20. Continua sendo um homem de muitas paixões: a maior delas, o povo brasileiro.